Foto: Vinicius Becker (Diário)
De pet shops a creches e serviços funerários, a diversidade de empresas revela a força do setor na cidade. No Athena Petshop, as mascotes do estabalecimento recebem os clientes
Seja cachorro, gato, passarinho ou outras espécies, os cuidados e serviços para pets estão cada vez mais diversificados. A mudança no perfil dos tutores, que investem em bem-estar e qualidade de vida para os animais, fez o setor crescer 52% em Santa Maria no primeiro semestre de 2025, com a abertura de 41 novos empreendimentos em comparação aos 27 registrados no mesmo período do ano anterior. Ao todo, de acordo com levantamento feito pelo Observatório Econômico da prefeitura, com base nos dados da Receita Federal, o município conta com 346 empresas ativas na cadeia produtiva pet.
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Atualmente, o setor pet em liderado pelo comércio, que conta com 202 empresas. Deste número, quais 200 atuam no comércio varejista de animais vivos e artigos ou alimentos para animais de estimação, enquanto 2 operam no comércio atacadista de animais vivos. Os serviços são responsáveis por 138 empresas, sendo 111 dedicadas à higiene e embelezamento de animais domésticos e 27 voltadas para o alojamento desses animais (creches ou hotéis). A agropecuária possui 5 empresas, todas focadas na criação de animais de estimação. Por fim, a indústria conta com uma única empresa, dedicada à fabricação de alimentos para animais.
O mercado é composto majoritariamente por Micro e Pequenas Empresas (MPEs), com 95,09% delas sendo microempresas, o que representa 329 estabelecimentos, e 3,76% classificadas como empresas de pequeno porte, totalizando 13 estabelecimentos.
Em 2025
Já no primeiro semestre deste ano, o setor ganhou reforço com a abertura de 41 novas empresas. Foram 20 na área de serviços, 15 voltadas para higiene e embelezamento e 5 para alojamento, 19 no comércio varejista de animais vivos e artigos ou alimentos, e 2 na agropecuária, ambas dedicadas à criação de animais de estimação. Todas são microempresas, e 81% delas estão registradas como Microempreendedores Individuais (MEIs). Ainda de acordo com o levantamento, grande parte das novas empresas abriu as portas nos bairros Nossa Senhora de Fátima, Camobi e Centro.
Quem investiu, não se arrepende

Um exemplo desse crescimento é a Athena Pet Shop, aberta em outubro do ano passado pelo casal Amir Aqel, 30 anos, e Fabiane Bueno Machado, 29 anos, na Rua Vale Machado, no Centro de Santa Maria. O nome e o rosto na logomarca são da cachorrinha Athena, mascote e inspiração do negócio. No espaço, ela divide o posto de recepcionista com a Panqueca, outra cachorrinha, e Doris, uma gatinha adotada recentemente.
Por lá, a rotina é movimentada. De segunda a quinta-feira, a média é de 15 animais atendidos por dia. Já nas sextas e sábados, o número sobe para 30 ou 40. O banho e a secagem duram cerca de 40 minutos. O valor do banho para pets de até 10 kg é de R$ 45, e o de porte maior chega a R$ 50. No caso da tosa, o preço varia entre R$ 90 e R$ 100 para animais de até 10 kg.

Apaixonados por animais, Amir e Fabiane já atuavam no ramo antes de abrir a própria empresa. O objetivo era oferecer um atendimento mais humanizado, que transmitisse segurança aos tutores e conforto aos pets.
Além dos serviços de banho e tosa, a loja oferece diversos artigos como ração, camas, arranhadores, roupinhas, brinquedos, petiscos, medicamentos e até creche e hotel para os bichinhos.
— No nosso atendimento, buscamos sempre estar ao lado do cliente, com um atendimento humanizado. Isso faz com que eles tenham confiança no nosso serviço, que busquem a Athena Pet Shop por ser um ambiente seguro, que respeita o tempo de cada cão.

Cerca de oito dos 15 atendimentos diários são de clientes fixos, que deixam o banho marcado semanalmente. A demanda aumenta tanto aos finais de semana que, às vezes, é necessário contratar mão de obra extra — o que nem sempre é fácil, afirma proprietário.
— O mercado tem uma escassez de profissionais nessa área, e isso faz com que a gente organize melhor a nossa agenda para poder atender todo o público. É difícil encontrar pessoas que estejam aptas para fazer isso. Mas no final de semana, devido à alta demanda, sempre tentamos encontrar freelancers para ajudar.

O resultado, segundo ele, é positivo e tem superado as expectativas:
— Está surpreendente para nós. Todo mês temos procura de clientes novos e, desde que abrimos a loja, a gente vem conseguindo atingir os nossos objetivos. Estamos sempre com a meta batida, graças a Deus — comemora.
O que os tutores procuram?

Entre os clientes fiéis e fixos está a social media e influenciadora digital Maria Izabel Garcia, 24 anos, tutora de Aurora, 7 anos, e de Preto, também com cerca de 7 anos. Ambos tomam banho na Athena a cada 15 dias. Protetora da causa animal, Maria Izabel diz que, além de buscar um local seguro, valoriza empreendimentos que apoiam a proteção de animais.
— Como eu sou protetora dos animais, algo que eu prezo muito neste quesito de escolher um local é o que eles fazem pela causa animal. Principalmente por ser empreendimentos da área pet. Então, isso é uma coisa que eu sempre coloco no checklist: o quanto essas pessoas prezam pelo cuidado, e se essas pessoas (proprietários) têm animais resgatados também. Aqui na Athena todo o checklist foi preenchido e é por isso que eu escolhi eles. Porque são membros da família, né? A gente precisa confiar de olhos fechados, porque como eles não falam, a gente tem que ter certeza que eles vão estar bem cuidados, que vão ter carinho e toda essa preocupação.
O crescimento nacional do setor
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil possui a terceira maior população de animais de estimação do mundo, com algo entre 150 e 160 milhões de pets.
População de pets no Brasil
- Cães: 60 milhões
- Aves: 40 milhões
- Gatos: 30 milhões
Peixes ornamentais: 20 milhões
Em 2024, o faturamento do mercado pet brasileiro alcançou R$ 75,4 bilhões, representando um crescimento de 9,6% em relação a 2023. Mais da metade desse valor (54,1%) veio da venda de alimentos industrializados para animais. Em seguida, estão a venda de animais por criadores (10,8%), os produtos veterinários (10,4%) e os serviços veterinários (10,2%).
O avanço é expressivo quando comparado a 2022, ano em que o setor faturou R$ 41,96 bilhões. Em apenas dois anos, o crescimento foi de mais de 79%, evidenciando a força e o potencial desse mercado no Brasil.